Paguros são bichinhos pequenos e insignificantes da fauna marinha cuja maior realização é serem estudados por alunos de segundo ano que viajam para o litoral a fim de aprender biologia marinha. São pequenos caranguejos, tão pequenos que cabem na ponta do dedo, e vivem em conchas abandonadas de outros animais.
O objetivo da concha, obviamente, é proteção. Quando os tais alunos que estudam biologia marinha tiram-nos das pedras em que costumam ficar, na beira da praia, eles recolhem suas minúsculas patinhas para dentro das conchas, em pânico. O resultado é que eles ficam parecendo pedrinhas que causam uma vontade enorme de dar-lhes um peteleco. Quando se vê só a concha, é fácil esquecer-se do bichinho mole lá dentro.
Dois anos atrás eu viajei para o litoral a fim de estudar biologia marinha. Quando fui apresentada aos paguros, fiquei fascinada. Eles eram tão bonitinhos e agradáveis subindo pelos meus braços com as patinhas de fora! Eu gostei tanto que cheguei até a pensar em ter um aquário deles.
Não tenho. Em parte porque daria muito trabalho, mas principalmente porque tenho percebido, de uns tempos pra cá, que trouxe comigo vários paguros. Sempre estive rodeada por uma espécie diferente deles, com uma concha especial, e de tempos em tempos encontro um novo no meio do meu dia a dia. Quando os descubro, me arrependo de todos os petelecos que eles já tomaram de mim.
Se eles se arriscassem a por as patinhas para fora, ou mesmo a abandonar as conchas, talvez fosse mais fácil identificá-los. Mas eles não querem ser identificados. Eles têm medo, eu acho, e alguns se convencem de que são, realmente, bichinhos insignificantes. Esses, pra mim, são os mais lindos. É pena que entram em conchas tão diferentes de si mesmos que dificilmente tenho chance de vê-los.