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domingo, 26 de setembro de 2010

Predadores

Vou me arriscar com um poema. Não sei se ficou bom, mas trabalhei um bocado nele.
E uma homenagem especial pro Pier e pra Taty, que responderam ao "desafio" de semana passada.

No topo da cadeia alimentar
Ganhando a corrida da evolução
Próximo a Deus em sua imperfeição
Sem predadores a atormentar

O homem assiste, do pedestal
Criado pela enorme vaidade
Para enaltecer sua majestade,
Às lutas comuns ao mundo animal

No topo da cadeia alimentar
Sossegado em sua supremacia
Não tem que lutar dia após dia
Para garantir seu lugar

Mergulhado em arrogância não vê
Que sua luta é muito maior
E que carrega o predador consigo

Muitas vezes um verdadeiro amigo
De todos os predadores é o pior
Pois é nele que sempre se crê

E o predador no homem entranhado
Batendo e ajudando dia após dia
Camufla-se como grande aliado

E o enche da mais profunda alegria
Pra num golpe dado com maestria
Tomar de volta o que de bom tinha dado

E a vontade de viver do homem cai por terra
E a dor é pior que qualquer ferida de guerra


Galera, vou aproveitar esse espaço pra fazer uma, aliás, duas pequenas divulgações.
A primeira é do Vlog do meu amigo João Pedro e do primo dele, que tá começando. Eles são bem engraçados, vale a pena ver (claro, se vocês forem fãs de vlogs).
http://www.youtube.com/watch?v=O1lDdX86RIA

A segunda é do projeto cultural do meu cunhado Dimitry, chamado Belô Artes. A ideia é a divulgação da arte e da cultura, e vai ser todo pela internet, com indicações de bandas e peças de teatros, promoções, colunistas (inclusive uma coluna minha), entre outras coisas. O site estreia na íntegra dia 22 de Outubro, mas já está no ar com algumas informações do projeto.
http://www.beloartes.com.br/
Twitter: @beloartes

domingo, 19 de setembro de 2010

Às Avessas

Escrito durante o feriado do Dia da Independência

Ele encara a parede branca; os olhos arregalados, um copo de uísque na mão. Não esperava por aquilo, não o vira chegando. Achava que tinha pleno controle da situação - até que a poeira baixara.

Os carros que passam na rua lançam sombras bruxuleantes na parede, como fantasmas que dançam em frente aos seus olhos. Ele já é amigo desses fantasmas, amigo de longa data, e os encara e à parede branca buscando respostas. Mas elas não vêm. Elas nunca vêm.

Por isso o uísque.

Ele sorve um gole e cospe tudo em meio a uma tosse. Engasga-se, desespera-se. E após um momento de angústia (espere... se é um momento, é melhor que seja de agonia) ele volta a respirar quase livremente. Encara a parede de novo, o fôlego vindo em arfadas, em sincronia com a dança dos fantasmas-sombras. Tudo o que lhe resta: seu uísque, seus fantasmas, e sua tosse.

Ele respira fundo para falar alguma coisa (com quem?), e outra tosse o acomete. Está ficando pior: dessa vez o ataque dura longos minutos. Ele se agarra ao copo; vira todo o uísque para acalmar a garganta. Seus olhos se enchem de lágrimas com a queimação do álcool; aos poucos seu coração desce para seu lugar e se acalma.

Ele espera a respiração voltar ao normal, sacode a cabeça e solta um suspiro de surpresa. Não faz nenhum sentido aquela tosse. Levanta-se da cadeira e sai a passos arrastados, apagando a luz ao passar.

E não consegue ver o coágulo de sangue escorrendo pela beira do copo, porque não faz sentido ele estar ali.

Pequeno desafio pra vocês: quem conseguir apresentar uma explicação para o título do texto ganha uma homenagem no próximo post ^-^

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Quem tem o maior ego?

E você fica aí com seu orgulho ferido, e eu fico aqui com meus joguinhos banais. Você me chama, eu não respondo, para fingir que tenho mais o que fazer. Eu te chamo e você vira o rosto, porque quer não querer falar comigo. O que começou isso ninguém sabe, nem quer saber. Queremos é um jeito de acabar com o que já começou e já incomoda.

Mas você tenta, e eu não consigo impedir um sorriso de vitória. Você fecha a cara, o coração, e morrem as palavras. Eu me arrependo, tento pedir desculpas sem pedir, e você perde a paciência. Levanta-se e sai, jogando na minha cara tudo o que eu já fiz e todas as minhas pisadas de bola. E eu sei de tudo isso, mas não quero admitir. Eu sei que estraguei tudo, mas não quero admitir. Eu sinto sua falta, mas não quero admitir.

E esse texto é pra você, mas nunca vou admitir.