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sábado, 4 de dezembro de 2010

Porta de espelhos em tons de cinza

Acordava gritando toda noite. Não só gritando - se debatendo. Contorcia-se, batia os braços, praticamente pulava. Era como um peixe, mas com a diferença que gritava, sempre gritava. Antes de aprender a falar (e demorou!) ele gritava incoerências, gemia. Depois, tentava ser claro e específico: “O monstro! O monstro!”.

Os pais corriam a ele, cansados. “Não há monstro!” - abraçavam-lhe a cabeça - “Não há monstro! Só nós. É só o escuro.”. Ele tentava, mas tinha acabado de aprender a falar. O protesto morria na garganta. E fechava os olhos, abria-os, fechava de novo e chorava - não havia saída!

Ele cresceu. Os sonhos continuavam, mas ele não mais chamava os pais. Descobriu que quando se matava durante o dia, de estudar, de jogar futebol, de fazer qualquer coisa, ele não sonhava à noite. Virou o aluno número um da turma. Quando não estava estudando, estava malhando. Resultado: virou o queridinho das meninas da escola.

Fazia o tipo galã. Era inteligente, bonito - tinha cabelos lisos e, quando tirava os óculos escuros (que contribuíam para o charme), seus olhos pretos e profundos tinham certo encanto. Era tímido; aliás, recatado. Conversava, mas não dava espaço para intimidade. O cabelo estava constantemente bagunçado, pois odiava espelhos, assim como fotos. Substituia-as por desenhos meio abstratos, sempre trabalhados em tons de cinza.

Aos 17 anos, o encanto começou a se perder. Seguindo um conselho do mestre moderno da vida boêmia, começou a se envenenar. A cada festa eram latas e mais latas de cerveja, copos e mais copos de vodka, noites das quais não tinha uma lembrança sequer. E a madrugada o achava vomitando a porcariada dentro dele. Arrependia-se? Não: era sua terapia.

Aos 19 admitiu que tinha um problema. Saiu de casa, quebrou todos os espelhos que tinha, cortou o cabelo; nunca abandonou os óculos escuros. Tentou ganhar a vida como artista, vendeu alguns de seus desenhos em tons de cinza. Levava a vida aos trancos e barrancos.

Seu aniversário de 20 anos, ele passou internado em estado grave no hospital por overdose de remédios para dormir. Os monstros finalmente o haviam alcançado.

Desculpem a demora com a resposta de semana passada, mas já atualizei lá! Gente, quando eu lançar um desafio, pode comentar! Pode responder o que quiser, pode não responder, não se preocupem. Eu não mordo ninguém (só quem não comenta hahaha brincadeira =P)!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Porcos-Espinhos

- Não vai falar nada?

- Falar do quê?

- Vai ficar com essa cara aí e não vai falar nada?

- Não é nada.


- Ah, então ta. Cê que sabe.


- Aff...


- Que que foi?!


- Cê sabe o que foi!


- ...!


A briga começa; os gritos nervosos e já até incoerentes se sobrepõem aos pingos fortes da chuva que batem no vidro da janela. Dez minutos antes estava todo mundo rindo, todo mundo alegre e fazendo piada. E aí algo cruza a linha, toca num ponto sensível e pronto: sobem os espinhos.


A briga continua e evolui. Dos gritos, passa para batidas violentas da porta do carro, empurrões - tudo isso debaixo dos pingos grossos da chuva. Eles machucam, mas a briga e a raiva os distraem da dor. Os cabelos molhados colam-se ao rosto, a chuva mistura-se às lágrimas e a briga é encerrada: "eu odeio você!"
.

Cada um vira pra um lado; entram no carro, entram em casa, e a briga vai ficando para trás. A chuva engrossa - fantástico como as condições meteorológicas sabem se adequar ao nosso estado de espírito, não? - e quem estava em pose de guerreiro há pouco se encolhe na cama, a cabeça entre os joelhos em posição fetal. Inversamente, a bolinha de espinhos se abre e revela a parte rosada, carnuda e macia - frágil.


Lágrimas caem em sincronia com a chuva que agora toca uma sinfonia deprimente nas folhas. E é nesse ponto que um observador mais atento entende a diferença entre homem e porco-espinho. Para nós, a melhor defesa não é o ataque. Afinal, toda camada de espinhos só serve para proteger a carne macia e rosada de sangue, e
nossos espinhos perfuram dos dois lados.

E a chuva cai igualmente todo o tempo, independente dos espinhos ou da carne.


Tenho outro desafio pra vocês. Eu tirei do texto original uma linha, que explica a diferença entre homem e porco espinho. Semana que vem eu coloco, mas alguém se arrisca a me dizer a diferença antes disso? ^_^
Atualização de 04/12 às 15:34 - Coloquei a parte que faltava. Alguém tinha pensado nisso?
=D (Sim, eu sei que demorei. Desculpem.)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Digitais

O texto abaixo praticamente exala raiva, e eu sei que hoje é um dia de muita dor para algumas pessoas. Então não é certo que eu fique soltando raiva por aí. Não vou apagar o post, mas vou fazer algo pouco comum: postar dois textos num só dia.

“Nossas digitais não se apagam das vidas que tocamos”
O que fazemos é eterno em sua efemeridade
Em sua insignificância e em sua singularidade
As digitais não se apagam de onde esbarramos

A maior das digitais ainda assim não é visível
É fadada a não ser vista, a se manter no anonimato
Mas é o nosso único diferencial nato
Nossa singularidade realmente intransferível

E por ser assim tão única ela nos sentencia
A, ao contrário dela, fazer alguma diferença
Cumprir um papel tão singular

A despeito do quanto seja vazia,
Altera o local a nossa presença
Por menor que seja, algo irá mudar

Pois nossas digitais, a marca de quem somos,
Não se apagam, e mantém a lembrança de quem fomos.

Obs: o primeiro verso é do filme "Lembranças".
"Aqueles que amamos nunca nos deixam realmente".

Paráfrase

Tu que te orgulhas tanto de ser original
De ser diferente, de ir contra a corrente
De ter algo a dizer num mundo tão vazio

Tu, que olha teus ídolos como heróis, como deuses,
Mais ainda, como modelos
A serem seguidos incondicionalmente e fielmente

Revives suas vidas, não?
Repetes suas palavras,
Faz tuas as suas convicções
Adaptas suas histórias à tua realidade
Distorce seus princípios e os transforma em religião
E mexes tão pouco quanto possível
Em tão exímias ações, em tão perfeitos exemplos

Pois para! Abre os olhos
E posta-te frente ao espelho!
Pega tua argila e molda-a às formas de tuas mãos
E nenhuma outra
Veja o mundo através dos teus olhos e nenhum outro
Grita tuas palavras, em tua voz, em tua língua e teu sotaque.

Descobre quem és, e o seja, ou nunca serás mais do que uma paráfrase.


Eu não ia postar esse texto, porque, depois que a raiva passou, eu entendi que é apenas natural esse comportamento. Afinal de contas...!
Mas você precisa urgentemente de um tapa na cara que sirva para te acordar. E, sinceramente, estou sem paciência.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sinônimo

Obs: alguns erros de digitação foram corrigidos agora (21:50): faltava um "se" depois do primeiro "não sei" e um "se" antes de "vou dormir". Desculpem por isso.

Não sei se fico pra aula ou se vou pra casa estudar. Não sei se estudo pra prova ou pro maldito do ENEM. Não sei se belisco agora ou se espero o jantar pra comer.

Não sei se vou dormir ou ainda tento estudar. Não sei se faço computação ou comunicação. Não sei se choro ou tomo banho, ou se concilio os dois.

Não sei no que acredito nem como ser.

Não sei! Não sei, não sei! Só sei do excesso de falta, da conciliação às avessas: mantenho ambos à mesma medida, sim, mas essa medida é zero.

Sei do estudo durante a aula que acaba por me confundir. Sei de comer agora e querer jantar depois, ou de esperar pelo jantar que nunca vem.

Sei do choro que não caiu e das noites mal dormidas, dos banhos frios e apressados e do estudo improdutivo. Sei do curso aleatório, que dá voltas e voltas.

E sei do cansaço, a única coisa cuja medida é mais de oitenta por cento. Que me corrói os ossos e afrouxa os músculos. Que me dá vontade de abrir as velas e ir à deriva, sem ligar para o curso que sigo, afinal.

E onde vou parar assim? Pois é, não sei.

Uma parte do cansaço já se foi, felizmente. A má notícia é que foi apenas a parte literal.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Forma-se a alma de um poeta

Dia após dia eu vou ficando oca. Meu corpo esvazia, minha mente esvazia, minha alma esvazia até que eu me torne nada mais do que uma máquina oca e sem vida própria. Como um coco que é atirado a um rio depois que se bebe sua água, sigo a corrente simplesmente por seguir e desemboco no mar sem saber ou ligar para onde estou.

O processo de me esvaziar não é voluntário e não é controlável. É culpa da seringa, ah, a terrível seringa! A seringa que me rasga a pele, que me sangra e rouba o que eu tenho de mais sagrado, vivo e novo dentro de mim. A seringa que rompe a fina casca, rouba o vitelo e não me deixa (nunca!) passar de embrião a indivíduo. A seringa que muitas vezes me abortou.

Mas há uma coisa que ela não consegue me tirar; o que eu tenho de mais sólido em mim e que, quanto mais dele me alimento, mais dele consigo. O vitelo que já me levou de embrião a gástrula, e vai originar um indivíduo até meio raquítico, mas com uma dura carapaça que seringa nenhuma é capaz de perfurar.

A única certeza dogmática que mantém minha sanidade quando tudo mais é tirado de mim: as minhas palavras.

Ok, pessoal, tenho mais duas divulgações para fazer hoje. A primeira é do blog da minha querida amiga Tereza (@terezilda), o http://terezilda.blogspot.com. Ela escreve muito bem e merece muito uma olhada além do primeiro post; quando você lê os textos dela, entende que são sinceros e reais. Recomendo a todo mundo.
A segunda divulgação é o blog do meu também querido amigo Pier (@_OPoeta), outro que tem a manha com as palavras, o http://diariosdumpoeta.blogspot.com. Os poemas dele são sensacionais e dá pra ver que as palavras vão a ele com a naturalidade com que as tartarugas buscam o mar.
Só para vocês terem noção, os blogs deles tão ali do lado, no "Diga-me com quem andas". Isso não é pra qualquer um não, hein! Então deixem comentários full of love para eles, porque eu acho que escritores como eles merecem todo o apoio possível! ^-^

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ilusão, Frustração

Confesso que esse texto não é um dos meus melhores trabalhos, mas eu realmente estou com vontade de postar. Leiam com carinho.

A noite cai e, com ela, caem as lágrimas no rosto da garota que se frustrou mais uma vez. Ela chega em casa e se enfia direto no banho para tentar se acalmar. E, principalmente, para tentar disfarçar as lágrimas e a vermelhidão nos olhos e no rosto com a água quente, quase fervendo. Alguns minutos e muito vapor depois, ela sai do banheiro enrolada na toalha, o choro controlado, a pele toda enrubescida com o calor.

Põe sua roupa, leva a toalha de volta para o banheiro, penteia o cabelo, seca com o secador, pondera seriamente se deve ou não fazer chapinha, se decide por não fazer e deita na cama com o iPod na mão. Sua mente se acalma e começa a vagar, agora que estão terminadas as muitas tarefas ligadas ao simples ato de tomar banho. E então a coisa degringola de novo.

O nariz começa a coçar; ela se esforça para reprimir o choro e apenas o intensifica. Antes que se dê conta, seus músculos do rosto estão se contraindo numa careta de dor, sua garganta está apertada e suas lágrimas escorrem de novo. Como se reduziu àquilo?, ela se pergunta. Mas a resposta é óbvia.

Os acontecimentos do dia passam em flashes diante de suas pálpebras cerradas. Ele nem sequer olhara para ela a maior parte do dia. Ele ficara abraçando outras meninas, amigas dele, indiferente à sua presença. E na única vez em que ele viera conversar com ela, ela não conseguira manter a conversa. Fora um total fracasso.

Seu coração bate apertado, ainda mais porque ela abraça os joelhos e o tórax com força. Frustrada, com raiva, ela se promete que vai esquecê-lo. Ela diz a si mesma que ele não vale apena. Que não faz sentido continuar com aquilo já que ela tem total controle do seu coração (mesmo sabendo que não tem), e que é melhor deixá-lo para trás. Até aí ela faz o mais sensato, exatamente o que tem que fazer para se sentir bem.

E então ela comete o erro:

- Eu vou achar alguém que vale à pena, sei que vou. É só continuar procurando.

É aí que ela erra, como todas as outras erram. É nesse momento que ela profere sua sentença e se condena a mais sofrimento, mantendo-se presa ao ciclo que é sempre o mesmo.

Começa com algo simples, banal. Uma gentileza, uma brincadeira, um contato mais longo das duas mãos, um olhar. Coisas que seriam vistas por pessoas sensatas como normais. Mas sua visão está turva e direcionada, e tudo toma proporções monumentais. De repente, surge essa sensação, e ela se diz apaixonada.

Apaixonada, mas sequer conversa com o rapaz. Apaixonada, mas não sabe dizer por quê. Apaixonada, mas não sabe sequer por quem.

Ela tenta e tenta se aproximar dele, e então há apenas dois possíveis passos seguintes: primeiro, ela não consegue, e se sente rejeitada (mas o rapaz sequer sabia que havia algo!); segundo, ela consegue, mas percebe que eles não têm nada a ver um com outro. Em geral ela insiste um pouco mais, mas só até o ponto em que a coisa se torna insustentável.

E, qualquer que seja o passo seguido, depois dele vem o sofrimento. Quando ele se torna demais, ela decide que é o bastante, e dá um passo na direção da liberdade - mas não consegue encerrar o ciclo, porque continua acreditando que “o amor está por aí, só basta procurar”.

A verdade é que não se deve procurar por amor, porque quem procura e não acha inventa, e se apaixona pela ideia de se apaixonar. E aí cria esperanças em cima de uma ilusão, cria uma possível felicidade em cima de uma ilusão. Se apaixona por uma ilusão. E, quando ela começa a cobrar seu preço, tudo cai por terra, sendo substituído pela dor da frustração.

Mesmo assim, ela não consegue impedir sua irrefreável procura pela ilusão.

domingo, 26 de setembro de 2010

Predadores

Vou me arriscar com um poema. Não sei se ficou bom, mas trabalhei um bocado nele.
E uma homenagem especial pro Pier e pra Taty, que responderam ao "desafio" de semana passada.

No topo da cadeia alimentar
Ganhando a corrida da evolução
Próximo a Deus em sua imperfeição
Sem predadores a atormentar

O homem assiste, do pedestal
Criado pela enorme vaidade
Para enaltecer sua majestade,
Às lutas comuns ao mundo animal

No topo da cadeia alimentar
Sossegado em sua supremacia
Não tem que lutar dia após dia
Para garantir seu lugar

Mergulhado em arrogância não vê
Que sua luta é muito maior
E que carrega o predador consigo

Muitas vezes um verdadeiro amigo
De todos os predadores é o pior
Pois é nele que sempre se crê

E o predador no homem entranhado
Batendo e ajudando dia após dia
Camufla-se como grande aliado

E o enche da mais profunda alegria
Pra num golpe dado com maestria
Tomar de volta o que de bom tinha dado

E a vontade de viver do homem cai por terra
E a dor é pior que qualquer ferida de guerra


Galera, vou aproveitar esse espaço pra fazer uma, aliás, duas pequenas divulgações.
A primeira é do Vlog do meu amigo João Pedro e do primo dele, que tá começando. Eles são bem engraçados, vale a pena ver (claro, se vocês forem fãs de vlogs).
http://www.youtube.com/watch?v=O1lDdX86RIA

A segunda é do projeto cultural do meu cunhado Dimitry, chamado Belô Artes. A ideia é a divulgação da arte e da cultura, e vai ser todo pela internet, com indicações de bandas e peças de teatros, promoções, colunistas (inclusive uma coluna minha), entre outras coisas. O site estreia na íntegra dia 22 de Outubro, mas já está no ar com algumas informações do projeto.
http://www.beloartes.com.br/
Twitter: @beloartes

domingo, 19 de setembro de 2010

Às Avessas

Escrito durante o feriado do Dia da Independência

Ele encara a parede branca; os olhos arregalados, um copo de uísque na mão. Não esperava por aquilo, não o vira chegando. Achava que tinha pleno controle da situação - até que a poeira baixara.

Os carros que passam na rua lançam sombras bruxuleantes na parede, como fantasmas que dançam em frente aos seus olhos. Ele já é amigo desses fantasmas, amigo de longa data, e os encara e à parede branca buscando respostas. Mas elas não vêm. Elas nunca vêm.

Por isso o uísque.

Ele sorve um gole e cospe tudo em meio a uma tosse. Engasga-se, desespera-se. E após um momento de angústia (espere... se é um momento, é melhor que seja de agonia) ele volta a respirar quase livremente. Encara a parede de novo, o fôlego vindo em arfadas, em sincronia com a dança dos fantasmas-sombras. Tudo o que lhe resta: seu uísque, seus fantasmas, e sua tosse.

Ele respira fundo para falar alguma coisa (com quem?), e outra tosse o acomete. Está ficando pior: dessa vez o ataque dura longos minutos. Ele se agarra ao copo; vira todo o uísque para acalmar a garganta. Seus olhos se enchem de lágrimas com a queimação do álcool; aos poucos seu coração desce para seu lugar e se acalma.

Ele espera a respiração voltar ao normal, sacode a cabeça e solta um suspiro de surpresa. Não faz nenhum sentido aquela tosse. Levanta-se da cadeira e sai a passos arrastados, apagando a luz ao passar.

E não consegue ver o coágulo de sangue escorrendo pela beira do copo, porque não faz sentido ele estar ali.

Pequeno desafio pra vocês: quem conseguir apresentar uma explicação para o título do texto ganha uma homenagem no próximo post ^-^

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Quem tem o maior ego?

E você fica aí com seu orgulho ferido, e eu fico aqui com meus joguinhos banais. Você me chama, eu não respondo, para fingir que tenho mais o que fazer. Eu te chamo e você vira o rosto, porque quer não querer falar comigo. O que começou isso ninguém sabe, nem quer saber. Queremos é um jeito de acabar com o que já começou e já incomoda.

Mas você tenta, e eu não consigo impedir um sorriso de vitória. Você fecha a cara, o coração, e morrem as palavras. Eu me arrependo, tento pedir desculpas sem pedir, e você perde a paciência. Levanta-se e sai, jogando na minha cara tudo o que eu já fiz e todas as minhas pisadas de bola. E eu sei de tudo isso, mas não quero admitir. Eu sei que estraguei tudo, mas não quero admitir. Eu sinto sua falta, mas não quero admitir.

E esse texto é pra você, mas nunca vou admitir.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Abuso de Poder

Ser um escritor não quer dizer apenas escrever textos literários. Não é escutar os sussurros apenas dos seus personagens. Muitas vezes, é escutar seus próprios surrurros, e encontrar sua própria voz.
As pessoas logosóficas vão enteder pra quem é esse texto, e eu ainda vou pregá-lo no mural da escola. Mas, enquanto ainda preciso dos meus pontos, vamos ficar por aqui.

Você não pode nos tratar assim. Você não pode calar nossa voz. Ah, mas o verbo “poder” tem significados demais. Você não deve nos tratar assim. Poder, você pode. Você tem esse poder. Mas por quê?

Idade não quer dizer experiência. Idade não quer dizer respeito. Respeito é algo que se conquista com tempo de convivência, não tempo de vivência. Respeito é algo mútuo.

Hierarquia não quer dizer direito. Quer dizer acordo, compromisso, e responsabilidade. Responsabilidade com os seus deveres, responsabilidade como chefe com os seus subordinados. Responsabilidade de ser respeitoso.

Poder não quer dizer que pode. Poder quer dizer que você deve ser cauteloso, e que alguém te concede permissão para fazer alguma coisa. Não há poder sem permissão; não há permissão sem confiança; não há confiança sem respeito.

Não há poder sem respeito.

Somos jovens, mas temos senso de justiça. Somos jovens, mas temos voz. Somos jovens; erramos. Não temos tanta experiência. Mas valorizamos muito e tiramos muito aprendizado das poucas que temos. Talvez essa seja a diferença entre nós.

Merecemos respeito. Você é nossa superior? Não. Não somos inferiores a você; nem mesmo hierarquicamente. Pois não existe nada como hierarquia. Existe um contrato social, em que concedemos a você poder de tomar algumas decisões. Nós te damos permissão - mas não há permissão sem respeito.

Somos jovens, mas temos senso de justiça.

Somos jovens, mas não somos diferentes de você.

Somos jovens, mas temos voz.

sábado, 21 de agosto de 2010

Mais um copo, por favor

O ruído da porta se abrindo se repete mais uma vez. O garoto vira o rosto sem esconder sua ansiedade, e deixa claro o seu desapontamento quando vê quem chegou. É uma garota de cabelos loiros logo abaixo do queixo, usando um vestido branco com bolinhas azul-escuro. Ele suspira. Não é ela.

Vira-se novamente para o atendente do bar, acompanhando com os olhos dois copos de alguma bebida que eram entregues a um outro garoto. Decidido, diz:

- Me dá um também.

- Um de quê? – o barman estranha. Ele conhece o garoto, sabe que ele não é de beber.

- Qualquer coisa. Alguma coisa com álcool.

O barman franze as sobrancelhas, mas não diz nada. Ignora o fato de o garoto ter apenas 17 anos – o dono da festa disse que a bebida estava liberada, então ele só está seguindo instruções. Prepara rapidamente um coquetel: laranja, pêssego, e uma quantidade muito pequena de vodka (ele não quer deixar o menino bêbado), e entrega o copo.

O menino olha para o copo de bebida alaranjada. Não sabe por que está fazendo aquilo. Não gosta de beber, não acha o gosto de álcool bom e se orgulha de dizer que nunca ficou bêbado. Mas alguma coisa acendeu nele a vontade de experimentar aquilo. Então ele suga o primeiro gole pelo canudinho.

O gosto forte do álcool é a primeira coisa que ele sente, e ele quase engasga com a pressa de engolir. Arrepende-se de ter pedido aquela bebida, e pensa em devolvê-la. Mas depois que o gosto de álcool diminui, ele sente outros gostos: laranja, talvez, e pêssego. Ele não gosta de pêssego, mas até que não está ruim. Ele toma coragem e suga mais um pouco pelo canudinho.

Mais uma vez, o gosto do álcool se sobrepõe aos outros. É amargo, talvez; indescritível, mas não de um jeito bom. Dessa vez o menino tenta engolir mais devagar, saborear mais a bebida. Depois que o álcool diminui, ele só consegue sentir o gosto do pêssego.

Engole com uma careta. Dos três ingredientes daquela bebida, ele não gosta de dois. Dessa vez, decide-se: não quer mais. Com outra careta, empurra o copo para o meio do balcão e se vira para o barman - mas, mais uma vez, a porta se abre. Mais alguém chega à festa. Ele vira o rosto novamente, esperançoso. Dessa vez é uma garota baixinha de cabelos pretos bem curtos e olhos verde-folha.

Não é ela. De novo.

A esperança se vai com um suspiro. Ele encara os olhos verdes da menina com intensidade, até que ela lança um sorriso envergonhando, provavelmente pensando "quem é esse esquisito me encarando?". O menino abaixa os olhos, pega o copo no balcão e o encara. Sem pensar muito, toma outro gole. O álcool queima sua garganta pela terceira vez, mas agora não é tão ruim. Ele começa a sentir um gosto um pouco doce. E, de qualquer forma, é melhor do que o gosto de bile que está começando a impregnar sua garganta.

Ele suspira e sorve mais um pouco do líquido alaranjado enquanto reflete sobre o estado miserável em que se encontra. Nunca bebeu antes – nunca! E agora está ali, bebendo por causa de uma mulher. Mas não é qualquer mulher: é ela. A única capaz de, com apenas um olhar, fazer o chão se abrir sob os pés dele.

Outro suspiro, outro gole. O gosto do álcool já está parando de incomodar. Está quase bom. Ele começa a assistir o movimento da festa, com o copo na mão. Alguns meninos batem papo aos berros num canto; algumas meninas tentam conversar com o rosto perto do ouvido da outra. Um grupo grande de pessoas passando mal se aglomera perto do banheiro; e a pista de dança está lotada.

Ele vai bebendo enquanto observa, distraído. Quando se dá conta, bebeu todo o conteúdo do copo. Vira no banco para o balcão; pede outro coquetel.

- Coquetel é bebida de moça. - diz um amigo parado perto do rapaz, bebedor inveterado. O amigo se surpreende que ele esteja bebendo, mas festeja. Pede dois Cuba Libres; dá um dos copos para o ele. O rapaz brinda alegremente com o amigo e dá um grande gole. Engole com força, sorri. Não faz a menor ideia do que está ali, e não gosta tanto assim do gosto, mas “que se dane”. É bom. Faz com que ele se sinta melhor.

Bebe mais um gole, pequeno, dessa vez, e se levanta, com o copo na mão. Diz que quer dançar. O amigo apoia. Passa o braço pelo pescoço do rapaz e vai levando-o para a pista de dança, gritando junto com a música. Os dois cruzam o salão aos pequenos pulos, chamando atenção. “Um mais chapado que o outro”, pensam os amigos.

A festa vai se desenrolando e o rapaz na pista de dança, sem se preocupar com mais nada além do nível da bebida em seu copo. Já há muito tempo ele parou de “vigiar” quem chega. Dane-se; ele só quer curtir a festa agora.

Alguém o convida para “sei-lá-o-que de burro”. Envolve pinga, sal, e limão na boca dos outros. Envolve álcool. Ele topa. Entra na fila e observa quem vai antes dele, para entender como funciona.

Seu limão acaba ficando com uma menina até bonitinha. Ele sorri para ela, ergue as sobrancelhas, e então começa. Lambe o sal da palma e vai pegar o limão. A fruta escorrega, e ele se esforça para pegá-la, sob os gritos das pessoas ao redor. Ele se esforça tanto que fica completamente alheio ao fato de que a porta acaba de se abrir, e uma pessoa entra.

Ela.

A menina que causou tudo isso; a menina que ele tanto esperava.

Ela entra, cumprimenta a aniversariante, pede desculpas pelo atraso. Procura um lugar para deixar sua bolsa e então esquadrinha o salão com o olhar, para ter uma imagem da festa. Procura por suas amigas, e então o encontra. Ele. No meio da aglomeração. Virando um copo de pinga.

Ela sente um certo gosto de bile na garganta. Não sabia que ele bebia; achava que não. Achava que ele era diferente dos outros garotos. Que ele era maduro o suficiente para estar acima dessa mania de beber até passar mal por achar que é bacana. Mas aparentemente ela está enganada. Aparentemente ele é só mais um idiota.

No fundo ele não é. No fundo ele só está fazendo isso por desespero de que ela jamais perceba que ele é um bom garoto. Porque, quando olha para ele, parece não o ver.

E agora, que ela finalmente decide vê-lo, ele não deixa.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ouça o que eu digo

(Texto dedicado à @JuAzeredo e à @Isah__lacerda ^-^)
Conselhos de alguém muito sábio


Criança...

Deixa eu te falar sobre coisas que eu entendo. Deixa eu te falar, e ouça o que eu digo.
Não tenha medo de se apaixonar. É sério, não tenha. Não suprime seus sentimentos, e não deixa cada decepção te fazer desistir do amor.

Criança...

Pode parecer absurdo. Talvez eu não entenda muito de amor. Mas eu entendo de gente. E eu entendo de lutar por aquilo que quero. Faz isso também. Tenha em mente o que você quer e luta por isso.

Eu sei, é difícil saber o que você quer. Mas, no mínimo, você quer ser feliz. Então luta pela sua felicidade!

Criança, lutar pela felicidade não é algo tão fácil. Ainda mais se você não sabe no que reside a felicidade.

Então descobre o que te deixa feliz, e luta por isso. Descobre o que te machuca, e deixa essas coisas irem embora. Ou tenta achar um jeito de contornar elas.

Seja corajosa. Confia em si mesma. Toda criança sabe, bem no fundo, que absolutamente tudo é possível. Por que você deixaria de acreditar?

Acredita nas suas descobertas e certezas de criança. Acredita que se uma coisa não deu certo agora, vai dar certo amanhã. Acredita em mim!

Criança, as coisas se complicam depois que a gente cresce.

Ou a nossa mente que complica as coisas? Nada muda, só a gente e as pessoas ao nosso redor. O funcionamento do mundo continua o mesmo. Se a sinceridade é o melhor caminho para se aproximar das pessoas quando a gente tem 12 anos, por que deixaria de ser com 17? Se ter disciplina e fazer as coisas na hora certa é o caminho mais rápido para a liberdade quando se está na 6ª série, por que isso tem que mudar no Ensino Médio?

Criança... eu sinto falta de você. Eu sinto falta da alegria juvenil que costumava ter, e da coragem com a qual costumava agir. Algo se perdeu no caminho. Deixei de acreditar em mim. E só percebo agora que preciso da sua ajuda. É muito tarde para isso?

É claro que não, adolescente bobinha! Nunca é muito tarde. É tarde, sim. Demorou a perceber. Mas você não me matou, só calou a minha boca. No seu desespero de crescer, você passou a me ignorar e ter vergonha das coisas que eu fazia.

Mas não é assim que tem que ser.

A partir de agora, me deixa falar do que eu entendo, e ouça o que eu digo.

domingo, 18 de julho de 2010

Utopia

Escrito em 11 e 12 de Junho; baseado em "Cartas para Julieta"

A mocinha apaixonada não foi ao seu encontro como haviam combinado. Ele ficou sozinho debaixo da árvore, contando as horas, esperando, inventando desculpas e motivos para o atraso. Ela os apresentaria quando chegasse, ele tinha certeza – mas ele também sabia que ela não chegaria.

Um romance meio Romeu e Julieta; eles não eram bons para o outro (teoricamente). Fugir era a única opção, mas ela desistira, amarelara. Porque ela sabia, bem no fundo, que aquilo tudo não passava de uma imensa utopia.

A idéia de fugir para longe era ótima e a acalentava. Um lugar feliz e afastado de todos; só deles. Sem pais, sem responsabilidades em relação à família. Mas isso era olhar para só um lado da coisa. Um lugar daqueles, livre de tudo, não existia. E a história de “o amor nos manterá vivos; sobreviveremos a base de amor” era linda e maravilhosa, mas só para os romances franceses. Era um sonho utópico.

Então ela não foi. Ela o deixou esperando sozinho, sem explicação ou pedidos de desculpas. Apenas o deixou lá, enquanto tentava achar coragem para encarar o mundo do plausível.

Ele não a procurou. Sabia onde ela morava, sabia como e onde ela passava os dias. Mas achou melhor não. Ela não aparecera; ela não o queria se a condição fosse largar tudo. E era. Não havia como levar o relacionamento adiante da forma como viviam.

Seria maravilhoso se seus pais acordassem de manhã e resolvessem que não havia problema. Se todas as rixas fossem deixadas de lado em prol do amor dos dois. Mas isso não aconteceria. Aquela história de “o amor supera qualquer barreira; é a força mais poderosa do mundo” era inspiradora, mas não real. Era a mais pura utopia.

Então ele desistiu. Parou de sonhar e juntou coragem para encarar o mundo burguês em que vivia.

Os sonhos de amor morreram. Os suspiros apaixonados cessaram. Os sentimentos tão fortes foram duramente reprimidos. Em ambas as mentes (e corações) adolescentes, tudo o que tinha relação com o amor foi colocado num cantinho reservado chamado “Sonhos Utópicos”, para acumular poeira.

Anos passaram. Dois jovens cresceram com a mais profunda descrença no amor e nos sentimentos. Dois jovens céticos. Mas eventualmente eles mudaram de ponto de vista. A vida fio se desenrolando a frente deles, e os acontecimentos os fizeram soprar a poeira daquele cantinho reservado em seus corações e mentes. Cada um reencontrou o amor de uma forma. Ambos casaram-se.

E, no fim, cada um viveu sua própria utopia separadamente.

sábado, 10 de julho de 2010

Saldo: 4. E contando.

Encaro o vazio, imersa em meus pensamentos e desânimos. A voz macia de David Guilmour entoa a letra de Time em meu ouvido, a trilha sonora do meu desconforto.

Algo entra em meu campo de visão, e eu saio das minhas considerações sobre os meus erros (e sobre os erros dos outros) para descobrir o que mudou. Esquadrinho a sala com o olhar e encontro: um casal, sentado exatamente no ponto que eu estava encarando.

Assisto-os por uns instantes. Olhares apaixonados, sorrisos, beijos roubados... Meu coração bate, rompendo as casquinhas de um ferimento antigo; recentemente reaberto e que acabara de recomeçar a sarar. Abaixo os olhos (agora mareados) para a carteira. Fungo, aumento o volume do iPod.

Tento me concentrar na música e afastar o clima romântico. Logo estou imersa novamente nas minhas confabulações. Sinto como se a aura de desânimo me fosse exclusiva, e isso só serve para aumentá-la. De repente, saio novamente dos devaneios, dessa vez sem razão. A música mudou – Boys Like Girls, agora; um salto de uns 30 anos.

Ergo o rosto. À minha frente, uma garota está encolhida; as mãos no rostos, os fones no ouvido. Giro o rosto um pouco; uma outra menina está sentada em sua carteira; os olhos arregalados em desespero e agonia silenciosos. Viro totalmente, para observar o fundo da sala. Um garoto mexe na mochila, procurando algo; seus olhos estão fundos, parecem desanimados.

Viro para frente de novo. Outros alunos estão entrando na sala, falando alto e começando a pegar o material. Arrumo o meu próprio; guardo uns cadernos e livros, pego outros. O iPod é deixado para o final; apenas no último minuto eu o desligo, enrolo os fones e guardo-os na mochila.

Nada mudou. Continuo tendo que encarar as mesmas consequências dos mesmos erros das mesmas pessoas. Mas algo está diferente. E, enquanto o professor entra na sala e inicia a aula, eu sinto a agora pequena aura de desânimo se dissipar quase por completo.

sábado, 12 de junho de 2010

Valentine's Day (a.k.a. "Não consegui pensar em nenhum título mais criativo")

Texto dedicado a todas as pessoas (meninos ou meninas) que têm a Síndrome de “Odeio o Dia dos Namorados”. Feliz Dia dos Namorados para todos vocês.

Todo ano o dia 12 de Junho gera reações controversas. Algumas pessoas pulam de alegria, outras ficam com uma aura de depressão ao seu redor; e outras, ainda, acordam na manhã do dia 12 e pensam: "han?".

Bom, pra mim, 12 de Junho sempre foi um dia "pé no saco". Isso porque é próximo ao meu aniversário e eu nunca pude fazer festa no sábado anterior a ele por causa dessa maldita data (esse ano aconteceu isso, aliás). Mas eu estou sentindo que, esse ano, vai ser um dia ainda mais chato do que o normal.

Ultimamente estou com aversão a tudo o que envolve amor, romance e essa melação toda. Não sei por que; acho que envolve um pouco de frustração e cansaço. Cansei dessa coisa de namorado, namorada, casalzinho, blablabla. Chega de viver num romance barato para adolescentes, em que a principal se apaixona pelo popular da escola, que se apaixona pela amiga da principal, que se apaixona pelo amigo da principal, que se apaixona pela principal. Se é confuso de ler, imagine o quanto é confuso de viver.

Cansei disso. Então, pra mim, 12 de Junho vai ser dia de acordar cedo, estudar, fazer caminhada (ou não) e passar a tarde na cama assistindo Harry Potter 2 enquanto meus pais, minha irmã e meu cunhado saem - obviamente, não os quatro juntos. Minhas únicas companhias vão ser uma barra enorme de chocolate, uma garrafa de Coca de dois litros, três bruxos pré-adolescentes e uma cobra imensa e letal. Yay!

Claro, bem no fundo provavelmente vai ter uma vozinha dizendo: "você está sozinha no Dia dos Namorados. De novo.". Mas eu vou responder pra ela: "não estou, não. Eu tenho eu".

Porque eu acho que é disto que as garotas precisam. De uma overdose de autoestima. Nós crescemos vendo mulheres bonitas que encontraram a felicidade quando conseguiram um relacionamento. Primeiro, vimos as Princesas Disney: Aurora (Bela Adormecida), Cinderela, Mégara (de Hércules), todas viviam em miséria total até que o Príncipe as resgatou.
Depois, quando crescemos um pouco, fomos bombardeadas com séries de televisão clichês, nas quais a mesma história sempre se repetia. A personagem principal sempre é apaixonada por um menino da escola, e pelo menos metade dos episódios da série envolvem o drama que ela vive para tentar fazê-lo se apaixonar por ela. E o que isso nos ensinou? Que ter o amor daquele menino específico, que nós elegemos como "nossa paixão", é pelo menos metade da nossa vida.

Nossa pré-adolescência acabou sendo consumida em função do tal garoto, e foi só quando a gente cresceu mais um pouco que percebeu que não precisa dele; ou a gente "se cansou de sofrer", ou descobriu que ele não é tão legal assim. Mas aí, logo que tivemos essa epifania, caímos em outras armadilhas. Filmes de comédia romântica, sempre com um galã e terminando em beijo; livros românticos para adolescentes (coff coff Crepúsculo coff coff) com personagens maniqueístas; milhares de estratégias da mídia deixando bem claro que garotas que não vivem uma louca história de amor não são felizes.

O resultado disso tudo é uma tendência a colocar o romance e os relacionamentos como a panaceia do mundo. Como se ter um namorado fosse condição de felicidade. E, na verdade, não é.

Relacionamentos não fazem magia. Não é só porque você está namorando que tudo na sua vida vai ser maravilhoso. Um relacionamento é um compromisso com outra pessoa, que demanda tempo e atenção para mantê-lo. É uma preocupação a mais. E, em alguns casos, pode criar muito mais problemas do que resolve.

O problema é que nós, garotas, ficamos tão obcecadas com os relacionamentos dos filmes e livros e séries de TV que esquecemos do relacionamento mais importante que nós temos: conosco mesmas. Ficamos preocupadas em conseguir aquela felicidade das personagens principais das nossas histórias preferidas, e começamos a procurá-la. E aí ficamos tristes no dia 12 de Junho porque não achamos nosso Príncipe, ou nosso Edward Cullen/Jacob Black, ou o diabo a quatro.

O problema é que a felicidade não está nos relacionamentos. Eles podem nos deixar felizes, claro que sim. Afinal de contas, o amor existe. Mas não é nele que felicidade reside. Ela está dentro de nós, e tudo o que um relacionamento bem sucedido faz é trazê-la a tona com facilidade. Só que há muito mais coisas espalhadas por aí que fazem o mesmo; a gente só tem que achá-las.

Pra mim, uma barra enorme de chocolate, uma garrafa de Coca de dois litros, três bruxos pré-adolescentes e uma cobra imensa e letal são o suficiente.
-x-
(Consegui fazer a formatação funcionar. IN YOUR FACE, Google! hahah)

domingo, 6 de junho de 2010

Talvez

Texto dedicado à minha amiga @melissish, que concorda (acho!) com a moral dele.
(obs: tô brigando com essa formatação tem duas semanas. Vai ter que ficar assim)

O garoto respirou fundo e baixou os olhos para os papéis que tinha nas mãos. Sentiu a nuca suada; fechou os olhos. Respirou fundo mais uma vez. "Agora ou nunca", sussurrou para si mesmo.

Então dobrou a esquina e caminhou até o portão violeta do prédio de três andares. Segurando apertado as folhas, ele passou a mão no cabelo e encarou o interfone. 201. Ele sabia o número desde os seis anos de idade. Desde os dez, não tinha vergonha de apertar aquele botão. Agora a ideia fazia suas palmas suarem e sua garganta secar.

Olhou por cima do ombro. Ele podia simplesmente dar meia volta e ir embora. Pensou nisso; chegou a dar um passo. Mas mudou de ideia e, antes que pudesse hesitar, esticou o indicador e apertou o botão.

Um décimo de segundo depois, desejou não ter feito aquilo. Agora ele teria que falar.

Engoliu em seco e olhou para os papéis de novo. Estava tudo ali, era só ler. Não, ler não! Tinha que ser espontâneo! Tinha que ser natural, como tudo sempre era com ela. Como as risadas e a diversão. Como o sentimento que surgira de repente e fora crescendo de fininho, até ficar fora de controle.

Ele bufou. Passou a mão pelo cabelo de novo. Parecia que uma eternidade havia se passado, mas ele sabia que provavelmente não tinha sido nem um minuto. Começou a se perguntar se não havia ninguém em casa. O pensamento começou a desesperá-lo, até que atenderam o interfone.

A voz de uma senhora idosa perguntou quem era. O garoto hesitou. Não sabia mais o que dizer, se pedia para subir ou se perguntava pela amiga. De repente esqueceu tudo o que pensara em dizer - e agradeceu a si mesmo pela ideia de anotar tudo. Mais uma vez, centenas de minutos se espremeram em apenas um. Ele revirou os papéis, apressada e desajeitadamente, procurando por algo para dizer.

A voz da senhora idosa perguntou mais uma vez quem era. Ele desistiu das anotações e se identificou. Perguntou pela amiga, pediu que ela descesse. As palmas suavam mais do que nunca; o coração batia descompassado – o garoto o sentia na garganta, quase saindo pela boca. "Calma, você consegue falar. É fácil", ele tentou se tranquilizar, mas sabia que, quando avistasse os longos cabelos castanho-claros e os olhos azuis que tantas vezes o visitaram em sonho, toda a coragem que ele tentara reunir iria embora.

Ele ouviu a senhora suspirar pesadamente, e sentiu um mau pressentimento. Seu estômago afundou de repente, e ele começou a se perguntar se teria sido mesmo uma boa ideia. Sua resposta naquele momento era não.

- Ô, meu filho, ela não conseguiu te avisar, não? O voo dela foi antecipado.

A voz sumiu; a garganta se fechou; os papeis caíram no chão quando as palmas se abriram de surpresa. Ele encarou o interfone enquanto tentava se forçar a acreditar no que ouvira. O estômago parecia ter acabado de passear numa montanha-russa, de tanto que se revirava. Ele ouviu a senhora chamar seu nome uma vez. Piscou com força e tentou verbalizar uma resposta.

- Antecipado? Quer dizer que ela já foi?

- É. Já deve estar voando a essa hora.

- Ah... Eu queria falar com ela antes de ela ir... Me despedir direito. Mas obrigado.

A voz estava estranha, denunciando o choro que estava começando. Ele se odiou naquele momento, por vários motivos.

- Sinto muito, meu filho. Ela teria te avisado, mas a mudança foi muito em cima da hora. Mas ela vai passar alguns finais de semana por mês aqui. Quando estiver na cidade, vocês podem sair juntos! – ele ouviu a senhora tentando animá-lo, percebeu o tom de compaixão na voz dela.

- Acho que sim. Obrigado. – tentou forçar a voz a sair normal, mas ainda assim não conseguiu esconder o choro. Girou nos calcanhares e caminhou a passos lentos até o fim do quarteirão. Quando dobrou a esquina, apoiou-se na parede e deslizou até estar sentado.

Desistiu de lutar inutilmente contra as lágrimas que forçavam seu caminho pelas pálpebras cerradas e deixou que elas caíssem. Soluços sacudiam seu corpo, e por alguns momentos ele se concentrou apenas em chorar. Quando o controle começou a voltar, ele ergueu o rosto dos joelhos e esfregou os olhos com os braços. Jogou a cabeça para trás, apoiando-a na parede, e simplesmente deixou que as lágrimas corressem, enquanto o pensamento voava.

Ele tivera o ano inteiro para dizer. Passara incontáveis noites em claro, imaginando situações em que reunia coragem e contava. Deliciava-se em sonhar que ela responderia sim; seu coração batia mais forte quando ele pensava nisso. Mas quando, pelo contrário, lembrava-se da possibilidade de um não, ele batia dolorosamente. E essa dor o impedia de abrir a boca quando estava perto dela.

No meio do ano, decidiu que faria alguma coisa. E aí começou com os bilhetinhos anônimos. Bilhetinhos, cartas, poemas – tudo o que não tinha coragem para mostrar para mais ninguém. Nenhum deles assinado, pelo menos não com o seu nome. Passara mais noites em claro criando anagramas e códigos com o seu nome, numa tentativa de contar, sem contar.

A amiga, inocente e desavisada, sempre mostrava para ele. "Olha o que eu achei na minha mochila ontem!", ela dizia, com os olhos brilhando e um sorriso no rosto. Lia o conteúdo do papel para ele, depois apertava a folha contra o peito e sorria, se perguntando quem poderia ser. Em inúmeras situações dissera que queria conhecê-lo. O menino perguntava se ela não tinha medo de se decepcionar com o escritor anônimo, e ela sempre sacudia a cabeça e dizia que não, sorrindo. "Quem quer que escreva assim", ela dizia, "tem que ser alguém muito sensível... alguém de quem eu já gosto muito".

Ele quase contava – mas sempre só quase. A coragem sempre faltava no último segundo. Porque, por mais que ela dissesse que gostava do escritor, ela tinha certeza de que não era o amigo. Caso contrário, não mostraria os papéis para ele.

Quando ela dissera que no fim do ano iria se mudar, foi como se o mundo estivesse ruindo. Eles eram amigos desde os cinco anos, ela não podia simplesmente ir embora assim. Mas não tinha outro jeito, eram questões complicadas – ou questões simples que os adultos complicavam.

Ele se decidiu: "vou contar". Quem sabe, se ele contasse, ela poderia ficar. E, se a resposta dela fosse não, não fazia tanta diferença. Ia doer, sim. Mas ela não estaria por perto para lembrá-lo disso. O clima entre eles não ficaria tão estranho.

Então ele passou os dois últimos meses tentando reunir coragem. Todo dia juntava um pouquinho, mas, na hora de dizer, ele mudava de ideia e decidia esperar um pouco mais pela "oportunidade perfeita". E o resultado fora que, de tanto esperar, deixara várias oportunidades "imperfeitas" passarem e acabara sem oportunidade nenhuma.

O menino se levantou, apoiando-se na calçada. Bateu as mãos uma na outra para limpá-las, depois secou o rosto com o braço de novo. Colocou o capuz do moletom na cabeça e enfiou as mãos nos bolsos, como fazia sempre que estava triste. Começou a caminhar, arrastando os pés, ainda fungando um pouco. Tentou se distrair, para não chegar chorando em casa e levantar perguntas.

Ele passara o ano inteiro achando que, se não contasse, não doeria tanto quanto se contasse e ouvisse um não, porque pelo menos havia a possibilidade de um sim. Mas, no fim das contas, estava sendo pior. Ele desejava ter sido um pouco mais forte, mais corajoso. Agora, não tinha nem a felicidade absurdamente grande de um sim, nem a dor esmagadora de um não. Ao invés disso, estava preso na incerteza angustiante de um talvez.

sábado, 17 de abril de 2010

Serafins e Cupidos

(Esse texto é um "filho do carnaval", porque a ideia pra ele me veio durante o Carnaval, enquanto eu encarava uma fogueira. Aliás, vocês já fizeram uma fogueira? Eu recomendo - é lindo.)

Desde o período paleolítico, o homem já conhece o fogo. Na realidade, eu me atrevo a dizer que desde sempre o homem o conhece. Ele sempre esteve lá, queimando, ardendo sem ser visto. E então o homem o encontrou, e ficou fascinado por ele.

No começo, era apenas uma questão de necessidade. Era preciso proteger e manter a espécie, e as chamas tinham esse poder. Depois, com o tempo, elas perderam sua função de proteção, mas o fascínio que exerciam permaneceu.

Poucas coisas são mais bonitas e paradoxais do que o fogo. Ele ilumina as áreas escuras e nos dá uma ideia um pouco mais clara do que nos espera ali fora. Ele nos aquece, nos impede de ficarmos frios e rígidos. E as chamas tremulando são um verdadeiro espetáculo.

No entanto, ele é uma coisa perigosa. Ele precisa destruir algo para se manter vivo: a madeira que poderia ser usada para construir a casa; a gasolina que poderia nos levar longe. E, dependendo do que queima, ele é diferente: fogo de Palha, fácil de ser achada, acende e queima rápido. O fogo da madeira sempre tem que ser realimentado; o da gasolina é difícil de controlar. O melhor fogo é mesmo o fogo do carvão, resultado de experiências e queimadas anteriores.

Mas, qualquer que seja o combustível, é preciso atenção para lidar com o fogo. Um descuido e ele pode queimar mais do que deve; é fácil demais se machucar com ele. A ferida pode ser pequena; aquela que dói, mas dói pouco e não se sente; aquela de que a gente só se lembra quando cutuca o lugar machucado. Mas também pode ser uma queimadura séria, que machuca profundamente, que desfigura. E aí a gente corre e apaga o fogo, se afasta dele. Os machucados doem vinte e quatro horas por dia, e alteram até nosso semblante. A gente jura que nunca mais vai brincar com o fogo, mas, apesar de demorar muito, acaba cedendo e voltando para perto dele.

Poucas coisas são mais bonitas ou paradoxais do que o fogo. Ele representa ao mesmo tempo proteção e perigo; conforto, aquecimento, e dor; iluminação e incerteza. Talvez seja isso o que tanto fascina o ser humano a respeito do fogo. Não sei; minha única certeza é a de que serafins e cupidos andam de mãos dadas.

O homem se julga diferente dos animais por ser o "mestre do fogo". Isso é besteira; nós não controlamos o fogo, nos apenas o achamos. Na verdade, é ele que nos controla; é o fogo que temos dentro de nós que nos leva a fazer a maior parte do que fazemos. No fundo, nós estamos à mercê daquela beleza contraditória e tremulante.

domingo, 11 de abril de 2010

Conselhos

Heeey, gente. Depois de quinhentos anos eu estou aqui de volta (risos).
Enfim, esse texto é da minha amiga Nina, que é f... com as palavras. E já tem umas duas semanas que eu tô enrolando pra postar esse texto, mas finalmente ele está aqui.

Conselhos

Não troque seus valores por palavras
Não os negue nem reprima
Pois teus valores lhe pertencem e a ti devem explicações

Não julgue em seus valores aquilo que não é teu
Pois a cada um cabe a escolha do caminho a tomar

Não imponha seus valores aos outros
Que podem não os entender ou simplesmente não os acatar

Viva de acordo com o que acredita
Faça o que acha ser o certo
Siga seus instintos

Viva.
Faça.
Siga.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Noites de Batalha

A noite da batalha começa com as pinturas de guerra. Cada guerreiro, em seu território, pinta seu rosto de acordo com sua tribo. Uns se limitam a alguns traços abaixo dos olhos. Outros acrescentam riscos vermelhos nas maçãs do rosto. Outras tribos, as mais agressivas, empolgam nas pinturas: abusam das cores e vão das têmporas até os lábios. Mas todas têm algo em comum: antes de qualquer outra coisa, elas escondem as fraquezas em seu rosto. Afinal, este é o objetivo das pinturas: mostrar-se forte para amedrontar os adversários.

Além da pintura, há também as armaduras: maiores, menores, mais vistosas, mais discretas. Todas condizentes com as fraquezas e forças do guerreiro, com sua vontade (ou não) de lutar na guerra. A pintura e a armadura se completam; a tribo que se pinta mais geralmente também se preocupa mais com a cobertura da cabeça.

E assim, devidamente ameaçadores, um a um os guerreiros deixam seu território e vão para o campo de batalha.

É mais comum, na verdade, que eles vão em bandos. Grupinhos de guerreiros de uma mesma tribo, escoltados por um general enquanto este dá instruções sobre a batalha que está por começar. O general sabe que quase nada do que disse será ouvido, mas pelo menos consegue combinar um sinal para bater em retirada. E, assim, chegando em grupos para causarem uma impressão mais assustadora, os guerreiros adentram o campo de batalha.

Uma vez lá dentro, o grupo se separa. Porque, apesar de todos pertencerem a uma mesma tribo, a luta é individual. Vitorioso não é aquele que derruba e destrói seus adversários, mas sim aquele que conquista o Prêmio.

E esse é indivisível.

Ninguém se considera traídoespera-se que lá dentro seja cada um por si. Essa não é uma guerra como outra qualquer; é mais complexa. O objetivo é diferente. Destruir seus adversários é uma mera estratégia para que conseguir o Prêmio seja mais fácil. Não há armas: os combates são corpo-a-corpo, e o que vale é a habilidade de machucar o outro. Mas os ataques são sutis, porque é de extrema importância manter as aparências. Apesar do clima de hostilidade, as ameaças passadas claramente pelo olhar são disfarçadas com sorrisos "amistosos" e doces palavras ambíguas.

A batalha segue em ritmo lento. Pouco a pouco, o número de guerreiros na luta diminui. Alguns são derrubados por si próprios, sendo eles seus piores inimigos. Outros desistem por falta de interesse, e se juntam aos "civis" para assistir aos confrontos sutis. A maior parte é derrubada pelos guerreiros mais fortes, e, do meio da batalha para frente, já chama seus generais e bate em retirada. Os poucos que restam continuam em sua luta ferrenha, tentando atacar discreta e eficientemente de uma só vez.

Até que por fim – não!

A batalha acabou. Um dos guerreiros conseguiu o Prêmio; aos outros só resta ir cuidar das feridas num canto ou ir para casa de mãos abanando. Os guerreiros mais orgulhosos tentam agir como se nunca tivessem lutado. Mais importante do que vencer é não mostrar que perdeu. E a posição de desdém perdura até o dia seguinte. Para alguns é difícil acordar, para outros é quase impossível. Alguns deixam claro que foram derrotados. Outros – normalmente os guerreiros mais próximos do vencedor – fingem que não entraram na guerra. "Estou feliz por você. Você venceu. Eu nunca quis o Prêmio": é esse o discurso que geralmente se repete. A diplomacia entra em ação para evitar possíveis conflitos, todos agindo como se nunca tivessem lutado.

E, então, uma notícia muda tudo.

O boato corre de boca em boca – a vitória não fora justa. O Prêmio fora adulterado, não estava em condições normais. Talvez fosse possível anular a última batalha – agir como se ela nunca tivesse
acontecido!

O desdém se vai em segundos. Antes do fim do dia, já há outra batalha marcada. Os guerreiros já se preparam; começam a treinar seus ataques, planejam as estratégias, pensam nas próximas pinturas e armaduras – e, claro, na combinação das duas.

E começa tudo de novo, algumas noites depois. Porque, enquanto a guerra não acabar, sempre existirão noites de batalhas.

-X-

Postei até cedo. Não se acostumem. =)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A culpa é da Lila

Sim, a culpa é da Lila. A culpa é toda da Lila.
Mas antes que vocês queiram apedrejar minha pobre amiga, deixem-me explicar.

Sempre gostei de escrever. Aliás, acho que isso não é mistério nenhum para quem me conhece (ou seja, provavelmente para qualquer um que lê esse blog). A questão é que, para mim, mostrar meu texto para outras pessoas sempre foi um problema. Sou uma pessoa tímida, fazer o quê?, e a opinião alheia conta muito para mim.
Mas, desde um dia na sexta série, eu fui perdendo a vergonha e o medo (principalmente o medo) de mostrar meus textos para os outros. E agora, eu não consigo sossegar com um texto no computador - eu mando pra todo mundo que estiver online.

Uma dessas pessoas é frequentemente a Lila, e eu acho que já enchi tanto a paciência dela que ela conseguiu me convencer a fazer um blog. Logo, a culpa é da Lila!

Não sei o que pretendo com o blog. Vou postar quando me der na telha, e quando eu tiver algum texto pronto. E, acreditem, é muito pouco provável que isso aconteça em um futuro próximo. Eu tenho três textos em processo de escrita ("O Menino Invisível", "Ponto de Vista" e "Noite de Guerra"), mas eles já estão assim há um bom tempo, e possivelmente continuarão assim por meses.
Então, por favor, tenham paciência. Ou não: nem precisam voltar. Vai que o meu tom os irritou?

De qualquer forma, lembrem-se: a culpa é da Lila!