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domingo, 18 de julho de 2010

Utopia

Escrito em 11 e 12 de Junho; baseado em "Cartas para Julieta"

A mocinha apaixonada não foi ao seu encontro como haviam combinado. Ele ficou sozinho debaixo da árvore, contando as horas, esperando, inventando desculpas e motivos para o atraso. Ela os apresentaria quando chegasse, ele tinha certeza – mas ele também sabia que ela não chegaria.

Um romance meio Romeu e Julieta; eles não eram bons para o outro (teoricamente). Fugir era a única opção, mas ela desistira, amarelara. Porque ela sabia, bem no fundo, que aquilo tudo não passava de uma imensa utopia.

A idéia de fugir para longe era ótima e a acalentava. Um lugar feliz e afastado de todos; só deles. Sem pais, sem responsabilidades em relação à família. Mas isso era olhar para só um lado da coisa. Um lugar daqueles, livre de tudo, não existia. E a história de “o amor nos manterá vivos; sobreviveremos a base de amor” era linda e maravilhosa, mas só para os romances franceses. Era um sonho utópico.

Então ela não foi. Ela o deixou esperando sozinho, sem explicação ou pedidos de desculpas. Apenas o deixou lá, enquanto tentava achar coragem para encarar o mundo do plausível.

Ele não a procurou. Sabia onde ela morava, sabia como e onde ela passava os dias. Mas achou melhor não. Ela não aparecera; ela não o queria se a condição fosse largar tudo. E era. Não havia como levar o relacionamento adiante da forma como viviam.

Seria maravilhoso se seus pais acordassem de manhã e resolvessem que não havia problema. Se todas as rixas fossem deixadas de lado em prol do amor dos dois. Mas isso não aconteceria. Aquela história de “o amor supera qualquer barreira; é a força mais poderosa do mundo” era inspiradora, mas não real. Era a mais pura utopia.

Então ele desistiu. Parou de sonhar e juntou coragem para encarar o mundo burguês em que vivia.

Os sonhos de amor morreram. Os suspiros apaixonados cessaram. Os sentimentos tão fortes foram duramente reprimidos. Em ambas as mentes (e corações) adolescentes, tudo o que tinha relação com o amor foi colocado num cantinho reservado chamado “Sonhos Utópicos”, para acumular poeira.

Anos passaram. Dois jovens cresceram com a mais profunda descrença no amor e nos sentimentos. Dois jovens céticos. Mas eventualmente eles mudaram de ponto de vista. A vida fio se desenrolando a frente deles, e os acontecimentos os fizeram soprar a poeira daquele cantinho reservado em seus corações e mentes. Cada um reencontrou o amor de uma forma. Ambos casaram-se.

E, no fim, cada um viveu sua própria utopia separadamente.

3 comentários:

  1. Aah, cara! ;x
    Esses sonhos utópicos poderiam deixar de ser utópicos, née?
    Que nem acontece no filme meesmo ;x.
    haha
    Anyway, o texto tá MAARA como sempre, Keeats! ;DD

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  2. Como eu aprendi com você - e você sabe que, quando eu aprendo, eu nunca esqueço - esses sonhos podem SIM deixar de ser utópicos. Só é preciso coragem, certo?

    Já disse que seu cérebro funciona diferente, só pode ser. Bom demais esse 'trem', mesmo mesmo.

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  3. Pena que, mesmo a gente sabendo dessas utopias, preferimos arriscar a vivê-las e a chance de sofrer depois é imensa. Mas deve valer a pena. Enfim, é infinatamente óbvio e repetitivo eu dizer que você sempre surpreende com as palavras =)

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