Escrito durante o feriado do Dia da Independência
Ele encara a parede branca; os olhos arregalados, um copo de uísque na mão. Não esperava por aquilo, não o vira chegando. Achava que tinha pleno controle da situação - até que a poeira baixara.
Os carros que passam na rua lançam sombras bruxuleantes na parede, como fantasmas que dançam em frente aos seus olhos. Ele já é amigo desses fantasmas, amigo de longa data, e os encara e à parede branca buscando respostas. Mas elas não vêm. Elas nunca vêm.
Por isso o uísque.
Ele sorve um gole e cospe tudo em meio a uma tosse. Engasga-se, desespera-se. E após um momento de angústia (espere... se é um momento, é melhor que seja de agonia) ele volta a respirar quase livremente. Encara a parede de novo, o fôlego vindo em arfadas, em sincronia com a dança dos fantasmas-sombras. Tudo o que lhe resta: seu uísque, seus fantasmas, e sua tosse.
Ele respira fundo para falar alguma coisa (com quem?), e outra tosse o acomete. Está ficando pior: dessa vez o ataque dura longos minutos. Ele se agarra ao copo; vira todo o uísque para acalmar a garganta. Seus olhos se enchem de lágrimas com a queimação do álcool; aos poucos seu coração desce para seu lugar e se acalma.
Ele espera a respiração voltar ao normal, sacode a cabeça e solta um suspiro de surpresa. Não faz nenhum sentido aquela tosse. Levanta-se da cadeira e sai a passos arrastados, apagando a luz ao passar.
E não consegue ver o coágulo de sangue escorrendo pela beira do copo, porque não faz sentido ele estar ali.
Pequeno desafio pra vocês: quem conseguir apresentar uma explicação para o título do texto ganha uma homenagem no próximo post ^-^
AAH, TADINHO DELE! >.<
ResponderExcluirÉ o John all over again! -q
-n
O texto tá seensacional, Keats!
Bom, eu chutaria que ele está as avessas, tipo, emocionalment huum.
Parabéens pelo texto ;D
beeijo:*