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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Não sou mais uma aluna de colegial

Não sou mais uma aluna de colegial, e sabem como eu sei disso? Não é porque vi os vídeos da minha formatura. Nem porque achei um xerox do meu histórico escolar na gaveta, e tampouco porque estou frequentando a faculdade. Não, o verdadeiro motivo nada tem a ver com minha vida acadêmica.

Acontece que eu conheci um cara. É, a história sempre começa assim. Garota conhece garoto, garota se apaixona por garoto, garoto parte o coração de garota. Só que dessa vez não foi bem assim. Eu conheci um cara – fim da história. E é por isso que eu sei que não sou mais uma colegial. Sim, explico.

Já ouviram a expressão "amor de colegial"? Na verdade, não sei se é uma expressão popular, mas, pra mim, é cheia de significado. Amor de colegial, aquele amor puro, inocente, virgem na experiência de amar. Aquele dos olhares derretidos, dos abraços roubados e dos arroubos de sinceridade nos quais sai um "eu te amo" ou um "meu dia não tem graça sem você" que nos fazem corar.

Por que de colegial? Porque, enquanto eu aprendia com a vida o que era amor, ele dava o ar de sua graça principalmente durante o colegial (que já há uns bons anos virou "Ensino Médio"). Então o "amor de colegial" é aquele primeiro amor, do coração que nunca foi partido ou que, se foi, ainda tem forças para bater freneticamente por causa de um simples olhar.

Eu conheci um cara. E passei pela história do "conhece, apaixona, se machuca" tantas vezes que, agora, parece que meu coração simplesmente não liga mais. A impressão que tenho é que o cara que conheci é uma cópia melhorada do meu primeiro amor (o qual, ironicamente, não foi no colegial), mas não adianta que ele me encare ou segure minha mão pelo motivo que seja: meu coração se recusa a bater. Não que o tal cara faça qualquer dessas coisas – ele passa por mim como passa por qualquer outra. E isso, apesar de me incomodar um pouco, não chega a me machucar.

Sei que estou reclamando de barriga cheia. Sei que, de um ponto de vista racional e afastado, isso quer dizer que eu aprendi minha lição e que não vou ter mais que passar pela dor de um coração partido. Mas eu não gosto das coisas desse jeito. Não gosto desse amor racional e controlado que sinto agora, não quero saber desse jeito realista de ver as coisas. Quero a emoção arrebatadora do romantismo e a desregragem (e liberdade de criar minhas próprias palavras) do modernismo. Quero o palpitar acelerado no coração, os sonhos vívidos durante a noite, a alegria efusiva por uma vitória insignificante, a dificuldade de desviar o olhar mesmo estando do outro lado da sala.

Não ligo para a dor do coração partido. Não me importo que o palpitar do coração não me deixe respirar, que os sonhos vívidos me façam derramar lágrimas de manhã por serem apenas sonhos e que as vitórias só sejam vitórias na minha cabeça. Não fico assim tão triste de sofrer - toda forma de sofrimento é válida se virar literatura. E a minha literatura é a minha vida. Logo, toda forma de sofrimento é uma forma de viver.

No fundo, bem no fundo, tenho medo de que meu coração nunca consiga recuperar sua inocência e nunca seja capaz de se entregar por completo a mais ninguém. Mas não sei. Talvez seja o momento (há tanta coisa acontecendo que minha razão resolveu assumir o controle), talvez seja o fato de que meu coração tem batido aos trancos e barrancos nos últimos dias por causa de uns certos ferimentos.

Eu não sou mais uma aluna de colegial. Meu coração já o sabe e, em caso de dúvida, é só procurar meu comprovante de matrícula da faculdade. Sendo assim, jamais terei outro amor de colegial. Mas, ei! A vida acadêmica continua, não é? Pode ser que exista para alguém uma expressão que até então me é desconhecida: amor de faculdade. E pode ser, também, que ele seja ainda melhor.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

(Sim, você está no endereço certo)

Pois é, galera, o site tá certo, só tá diferente. Alterei o background, o cabeçalho e a forma como as postagens são separadas, e essas são só as mudanças evidentes.

Não vou falar de tudo o que mudou pra não tirar a graça da descoberta, mas tenho que mencionar duas coisas. Primeiro: muita gente me falava que não sabia o que comentar e por isso não comentava. Agora temos os "comentários rápidos", pra resolver esse problema =) E segundo, agora você pode se inscrever no blog, ali, bem abaixo dos seguidores.

Essas são as principais mudanças, que eu gostaria de ressaltar. O resto foi por questão de capricho mesmo, hahaha.

Ah, e enquete aqui do lado direito não vai ficar pra sempre. Pretendo tirar no começo do mês, então se vocês quiserem dar um "pitaco" (como têm dito na minha sala de História Social dos Meios, haha), a hora é agora. =)

É isso aí. Voltem sempre, continuem/comecem a comentar e muito obrigada.

sábado, 21 de maio de 2011

Adoecente

(antes que vocês julguem título, ele é metalinguístico)

- Acho que tô ficando doente. – a garota fala com a testa colada no vidro enquanto encara as nuvens negras no céu. Ela é uma estudante universitária; começou o curso há não muito tempo e desde então teve sua vida virada do avesso.

Se mudou, porque a universidade não é na cidade em que morava. Agora não vive com papai e mamãe e toda a roupa suja fica por conta dela. Aprendeu a pegar ônibus, cozinha sem pôr fogo na casa, paga suas próprias contas – ela, que não sabia operar um caixa rápido. Em resumo, cuida de tudo, pensa em tudo.

No presente momento, ela está pensando se vai adoecer ou não. Sabe que algum tempo atrás houve uma epidemia de alguma coisa que esvaziou a sala pela metade por duas semanas. Sabe que a mochila está pesada sobre os ombros, apesar de não estar tão cheia. Sabe também que o vidro da janela está frio contra sua testa e que, mesmo de blusa de frio, ela está tiritando. E isso acaba sendo o bastante para que conclua que, talvez, amanhã seja melhor fica na cama.

Nossa amiga não sabe muitas coisas a respeito de si mesma. Às vezes, bem às vezes, é realmente capaz de dizer se está adoecendo, mas não sabe dizer sequer que tipo de doença é essa. Se ela se conhecesse um pouco melhor saberia que ficar na cama só vai piorar sua situação. Está ficando doente, sim, mas não da epidemia que debilitou seus colegas, nem do frio que traz o resfriado anual. Na verdade, não é bem uma doença: é mais uma síndrome, algo que, de certa forma, a acompanha há um tempo.

Por que, então, ela se sente adoecendo agora? Porque até pouco tempo atrás sua síndrome era remediada, amenizada, pela presença e atuação de seus pais. Agora cabe a ela ministrar a aplicação do remédio, mas ela não sabe como fazer isso – é essa uma das poucas coisas que ainda não aprendeu. E então a síndrome se torna algo que ela não pode mais ignorar, os sintomas a debilitam e a fazem pressionar a testa contra o vidro frio da janela e meditar sobre sua saúde.

A porta do elevador se abre com ruído. Ela sai de seus pensamentos e caminha até ele sem pensar muito, olha para frente e uma pessoa a encara. Uma garota com cara de cansada, olhos quase fechados, mochila nas costas e um moletom.

- Nossa, tenho que parar de ir dormir tarde. – ela fala para seu reflexo, depois suspira pesadamente. Ah, se nossa amiga soubesse tanto de si quanto nós sabemos! Ela seria capaz de reconhecer essa fala e esse suspiro como sintomas da sua patologia, sinais de que a síndrome está ficando mais forte. E ela estaria um pouco mais próxima da cura, porque, afinal, o tratamento não começa sem o diagnóstico.

Queria eu soprar isso tudo ao pé do seu ouvido, mas não posso. E se pudesse, ela não ouviria. Os fones de ouvido estão plantados fundo, enquanto ela se pergunta se deve ou não ficar na cama amanhã.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Almargo

Perguntaram pra @onaina no formspring qual foi o sonho mais louco que ela teve e a resposta dela foi essa de baixo. Gostei e resolvi postar aqui. =)

Eu morava numa casa enorme e branca com meu pai. Um dia, eu estava anotando coisas que ele ditava quando bateram na porta.

Meu pai atendeu e entraram um homem, o filho mais velho dele e duas menininhas e, não sei como eu sabia disso, mas eles eram políticos e estavam fazendo campanha. Eles entraram, eu cumprimentei a todos e o rapaz me perguntou em inglês (eu era fluente no sonho), espantadíssimo, como diabos eu conseguia segurar aquela caneta com a minha mão sem que ela caísse. Eu simplesmente respondi que conseguia segurar segurando, ué. Ele se contentou e eles continuaram a fazer a campanha.

Depois de alguma conversa, meu pai disse a eles que votaria em todos e eles foram embora. Eu, assustada, perguntei ao meu pai quem eram eles e se ele realmente ia votar neles, já que eram uns loucos muito loucos. Então ele riu e disse que, na verdade, eles não eram políticos, só pensavam que eram e estavam mortos. E que tudo aquilo era um ''almargo'' (nunca entendi essa parte).

Eu, obviamente, ri da cara dele e disse que seria impossível que eles estivessem mortos porque não seria qualquer pessoa que poderia ver todos eles e eu, certamente, estava vendo-os todos. Meu pai riu e disse que eu estava certa, não era qualquer um que podia vê-los todos. E era por isso que eu não tinha visto a mãe deles.

Acordei muito assustada e até hoje, quando eu vou dormir, tenho medo de abrir os olhos e ver a mãe deles.

sábado, 7 de maio de 2011

Linha tênue

Desde o começo, desde a primeira vez, eu sabia que isso ia acabar me consumindo, mas achei que fosse ser capaz de controlar. Ah, ilusão. Agora eu não penso em outra coisa. Sonho com isso, até. A qualquer instante, do nada, meus pensamentos se voltam para o mesmo assunto, e eu me esqueço de tudo o que estou fazendo na hora para ficar me lembrando dos momentos bons. Meus dedos tremem, minha boca seca, eu fico aflito e anseio pela hora em que vou poder sair correndo da sala de aula, do trabalho ou de onde quer que eu esteja para saciar essa necessidade quase biológica, já. Eu sei que vou acabar ficando mal por causa disso, mas não consigo controlar. É ridículo, não?

- Nossa, cara, você tem bem apaixonado, hein?
- Apaixonado? Tá louco? Eu tô falando do meu vício em cigarro!