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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Noites Insones II

A noite nunca foi tão silenciosa. Alguns carros de motores barulhentos passam na avenida esporadicamente, os aparelhos ligados nas tomadas fazem um zumbido ensurdecedor e vez ou outra o gato (do vizinho?) mia para a noite. Mas, em essência, a noite é silenciosa.

E isso porque em minha cabeça reina o silêncio. Lá dentro não há anda além de um breu absoluto e o silêncio que ecoa. A santa paz, talvez? Não. Ainda não há paz. Porque o silêncio e o breu roubam tudo o que poderia haver.

Trazem consigo, porém, uma coisa: agonia. Agonia que me pressiona e comprime, que aperta o meu peito até que eu não possa respirar. Eu luto por ar, mas nunca parecer haver bastante espaço para mim, e o vazio e o nada apertam-se em meu peito. Roubam meu espaço, pressionam-me mais. E eu não tenho a quem recorrer.

A pressão da agonia e do vazio é tanta, e o espaço é tão pouco, que me sinto imobilizada. E então rolo e rolo na cama para impedir que isso se consolide. Reviro-me inteira, em desespero de afastar a agonia que me toma. Meu estômago dói, e desejo que assim seja até de manhã. Uma desculpa para não me levantar da cama; para concentrar todas as minhas forças em eliminar minha agonia, e não apenas ignorá-la.

Talvez fosse melhor me levantar, me mover e vencer o sentimento de estar imobilizada. Talvez a agonia só possa ser eliminada por inanição, e ignorá-la e esquecê-la nos desdobramentos da vida seja o único jeito. Afinal, de onde vem essa agonia: Dessa sensação de morte em vida.

"A cada hora que passa envelhecemos dez semanas": Renato tinha razão. Estou envelhecendo a um ritmo angustiante de tão rápido. E, nesse contexto, por envelhecer quero dizer que definho.

18/10/2011

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