E o que é que eu faço com essa inquietude? Com esses sentimentos que me reviram e desviram em cima do colchão? A noite nunca foi tão barulhenta; carros na avenida vinte e quatro metros abaixo de mim; a tosse no quarto do lado, os saltos da vizinha no andar de cima que acaba de chegar. Apitos e mais apitos; da geladeira, da lava-louças, do celular da minha irmã no quarto ao lado. Os ruídos são tantos que cessam, mas continuam. E continuam porque minha cabeça os forja para preencher o silêncio.
Mas que silêncio, se os meus pensamentos não me dão paz? Se mesmo depois de terminar seu longo monólogo, minha mente não sossega e o reinicia. E eu volto ao estado inicial, que me traz mais horas passadas em constante movimento inquieto. Dessa vez me roubaram uma hora, assim, na cara dura (esse maldito horário de verão!); ou seja: o domingo será um desastre ainda maior do que o esperado.
Preciso dormir. Sinto isso em cada parte do meu corpo e em especial em minhas pálpebras pesadas. Mas quem disse que consigo? Esses pensamentos saídos nem Deus sabe de onde não me deixam. E ah! São tantos barulhos lá fora! Tantos que quero colocar isolamento acústico nas janelas e na porta, ou comprar um par de abafadores para mim. Mas em nada adiantaria. Silêncio em meus ouvidos apenas aumentaria o falatório infindável em minha mente, sobre o qual eu não tenho controle. E ele continua, trazendo lembranças, questionamentos, remorsos... Tudo o que, combinado, resulta numa inquietação de proporções monumentais.
Os Heróis da Resistência uma vez cantaram: "depois de muito tempo eu durmo em paz, que eu já não tenho tanto pra esquecer." Ah, como aguardo o dia em que a minha voz poderá entoar essa canção e eu poderei fazer coro a tais versos!
17/10/2010
"Mas que silêncio, se os meus pensamentos não me dão paz?" - genial.
ResponderExcluirPaulinha, o texto tá com alguns erros de digitação, achei uns três! Conserta aí.
Beijos
Wow, that is awkward.
ResponderExcluirValeu o aviso, consertei os três que eu achei (espero que sejam os mesmos XD)